segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A ESCOLA

ESCOLA
Quando a equipe de uma escola se reúne para planejar, cabe a ela decidir os horários das aulas, os períodos de avaliação, a organização das turmas - que não deve seguir o critério de segregação de "fortes" e "fracos" - e em que sala cada uma vai ficar. É tempo também de receber os professores novatos, integrá-los à equipe e convidá-los para sugerir mudanças. Cabe ainda conhecer os novos espaços da escola - como uma quadra ou um laboratório de Ciências, que podem ser usados por todos e precisam ter uma agenda de funcionamento.
Durante o planejamento na escola, cabe ao diretor definir com a equipe os projetos institucionais a serem realizados durante o ano, bem como as formas de fomentar a participação da comunidade na escola. Já o coordenador deve montar um cronograma para que seja possível os professores se organizarem por série e disciplina, levando em consideração as avaliações do ano anterior. A integração é a palavra-chave. Se a rede determinou que o ensino de Ciências deve ser melhorado, é hora de a equipe escolar pensar em como fará isso.
Hora de o professor pensar no que fará durante o ano
Apesar de mais restrito, o planejamento do professor é tão importante quanto as demais etapas, pois ele se refere às ações que interferem diretamente no processo de ensino e aprendizagem. O momento é voltado para a organização do trabalho didático. Quais conteúdos serão trabalhados? Que estratégias pedagógicas serão empregadas? Como serão as atividades e as avaliações? Uma parte desse trabalho pode ser feita em conjunto entre os professores e outra, mais detalhada, elaborada individualmente, de acordo com as características de cada turma.
Como nas outras esferas, o planejamento dos professores também precisa se basear em avaliações ocorridas no ano anterior. Outro ponto de partida é o documento com a síntese do último planejamento, que deve ser cruzado com as avaliações. O que foi previsto no último ano e o que de fato foi realizado? Quais as expectativas de aprendizagem para cada disciplina neste ano? Mediar esse balanço é tarefa do coordenador.
A troca de informações entre professores é fundamental para dar coerência à aprendizagem ao longo da escolaridade. Para evitar a repetição de conteúdos, é necessário que os professores da mesma disciplina saibam até onde o colega conseguiu avançar no ano anterior para depois definir o que será abordado. Além de eleger os temas a serem trabalhados, é preciso distribuí-los nos meses. Diego Miranda, professor de História do 8º ano da EE Professora Ana Cândida de Barros Molina, em São José dos Campos, a 102 quilômetros de São Paulo, define seu planejamento anual por bimestres. "Em 2008, a secretaria enviou para as escolas a cada bimestre o caderno do professor com a sugestão do que ensinar no período. Com base nesse material, planejei minhas aulas, determinando o que dar com mais profundidade."
Depois de definido "o que" e "o quando" será trabalhado, é preciso estabelecer "o como" e cada professor decide que estratégias pedagógicas irá empregar. Delia Lerner, autora do livro Ensinar - Tarefa para Profissionais, sugere que o professor utilize diferentes modalidades organizativas do ensino: projetos, atividades habituais, sequências de atividades e atividades independentes. Essas estratégias devem ser complementadas umas pelas outras. Os projetos resultam na confecção de um produto - um objeto ou uma ação, como o documentário sobre o trabalho escravo contemporâneo produzido na Barão de Gurguéia. Não há um tempo fixo. O ideal é que se estabeleça um cronograma com os alunos e todos se responsabilizem por cumpri-lo. Essa é a estratégia de ensino mais recomendada quando se trata de desenvovler textos com propósitos comunicativos.
As atividades habituais, como o próprio nome diz, buscam criar e cultivar hábitos, como a leitura de notícias em jornais e revistas. São realizadas com uma frequência regular (uma vez por semana, uma vez por quinzena), que não pode ser desrespeitada para não perder seu caráter. A sequência de atividades é a modalidade organizativa mais comum entre os professores. É um conjunto de ações que visam a aprendizagem de um ou mais conteúdos específicos. Por exemplo, estudar o que é o aquecimento global e como reduzir suas consequências.
Finalmente, as atividades independentes são situações de sistematização dos conhecimentos aprendidos durante a realização dos projetos. Elas levam esse nome porque possuem apenas propósitos didáticos e são independentes dos propósitos sociais.
Os momentos a serem planejados com mais cuidado, de acordo com o pesquisador Celso Vasconcellos, são as primeiras aulas. "Estudos mostram que a relação entre professor e aluno pode ser decidida nelas", diz (leia entrevista).
Além de ser uma ferramenta pedagógica imprescindível, o planejamento também promove a utilização mais eficiente dos recursos e do tempo na escola. Quando todos os professores decidem previamente o que vão fazer e quando, fica mais fácil organizar o uso dos espaços comuns - como laboratórios, quadras poliesportivas e biblioteca ou sala de leitura - e dos equipamentos e recursos disponíveis, como TV, aparelhos de som e DVD, mapas, jogos etc.
Segundo Vasconcellos, algumas escolas começam a inserir no seu planejamento um trabalho muito especial, que é o planejamento do aluno. "Em geral, ele não planeja e não decide seus objetivos de aprendizagem", afirma. Mesmo ciente de que as escolas estão muito longe dessa experiência, ele considera importante que os professores, coordenadores pedagógicos e gestores pensem nisso. Isso pode ser realizado por meio de pausas avaliativas, momentos em que os professores explicitam quais eram suas intenções de ensino no bimestre e os alunos se posicionam em relação a elas.

DUNAS EM LAGOA REDONDA - PIRAMBU/SE

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